onsolidação de instrumentais metodológicos e de apoio à assistência técnica e extensão rural; Formados 6 para-extensionistas no processo de validação da metodologia; Realização de 2 oficinas e atividades formação para extensão junto a comunidades de agricultores-pescadores artesanais para a produção de peixes em gaiola, ou extração de pitu, ou criação de camarões de água doce; Proposta de consolidação das rádios comunitárias e articulação da programação com as políticas publicas; Desenvolvimento de estudos e difusão de técnicas junto aos empreendimentos solidários, sobre o controle ou combate à podridão vermelha no tronco do sisal; Elaboração de estudos específicos, em 1 oficina, utilizando inclusive o Método Analise-diagnostico de Sistemas Agrários/Atividades, sobre fundos de pasto e possível reconhecimento de comunidades quilombolas no Território Sisal; Realizar de 6 oficinas de difusão do artesanato local (sisal, caroá, papel, couro ou plástico), aperfeiçoando as técnicas existentes com a participação de instrutores locais.
1) Justificativas para a realização do projeto
Diferentes estudos mostram que, no Brasil, as políticas voltadas para a agricultura vêm historicamente dando prioridade aos grandes empreendimentos agropecuários, em detrimento da agricultura familiar CARNEIRO (2006). São igualmente evidenciados os efeitos negativos dessas políticas, pautadas no modelo produtivista, onde se destacam, a expulsão massiva da população rural para as periferias dos centros urbanos, o desgaste ambiental provocado pelo uso intensivo de maquinário e agroquímicos e pelo desmatamento, com a destruição de grandes áreas, cujas conseqüências têm sido altamente danosas, notadamente às populações que sobrevivem do campo.
A favor da agricultura familiar conta-se hoje com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar (PRONAF) ? política específica voltada para este segmento produtivo, criada em 1996 ? que se constitui uma conquista dos trabalhadores(as) e agricultores(as) familiares. Ao longo de todo o seu processo de implementação este programa tem sido objeto de contínuas revisões, num esforço de aproximação à realidade desse segmento produtivo, podendo-se observar, nas suas versões mais recentes, não só a ampliação de seu público (extrativistas, quilombolas, indígenas, mulheres) como a cobertura de suas ações[1]. Contudo, os sindicatos e movimentos sociais que congregam essas categorias, sobretudo têm chamado a atenção para a visão mercantil ainda presente nessa política que, ao não levar em conta a diversidade de agricultores familiares, deixa de fora um grande número de famílias as quais dificilmente se integrarão ao atual perfil do mercado, embora desempenhem um importante papel na sociedade.
Essas críticas respaldam-se no desenvolvimento rural, visão da agricultura familiar que insiste na importância dessa atividade na manutenção da população campesina (a despeito de suas condições de produção limitadas quando comparada aos níveis de exigência do mercado). Sob essa ótica, a reprodução social de famílias camponesas depende da produção para o auto-consumo, associada à pluriatividade, onde se evidencia o caráter multifuncional dessa agricultura. Ao se considerar a perspectiva da multifuncionalidade retomam-se algumas funções essenciais da agricultura familiar na sua relação com a sociedade, tais como: a preservação do meio ambiente em determinadas áreas; a articulação do agricultor e de sua produção com os aspectos culturais e sociais do território em que está inserido, a exemplo da manutenção de um modo de vida e de produzir, a segurança alimentar das famílias produtoras, a preservação ambiental e a manutenção do patrimônio cultural (estilo arquitetônico das casas, manifestações culturais etc), além d oferta de emprego rural (CARNEIRO & MALUF, 2006).
Conquanto se reconheçam os avanços nas políticas de desenvolvimento para o meio rural no País (em particular no PRONAF) persiste a debilidade do sistema de assistência técnica extensão rural (ATER) deixando a agricultura familiar, segmento que mais carece desse apoio, quase que totalmente sem cobertura institucional[2]. Constata-se ainda, uma enorme carência de metodologias capazes de, a um só tempo, apreendera diversidade de condições agroecológicas e socioeonômicas e as transformações na agricultura familiar e incluir produtivamente a ação dos diferentes grupos sociais envolvidos nesse segmento social.
Esse projeto defende o desenvolvimento de uma metodologia dinâmica, interdisciplinar, integrada e participativa, que reconheça as especificidades de grupos indígenas e quilombolas, por exemplo, presentes na região e que se apóie na criação de espaços de trabalho partilhados por homens e mulheres, jovens e idosos, oportunizando-lhes novas formas de organização que lhes permitam vivenciar relações de poder mais horizontalizadas, do ponto de vista das relações intergeracionais e de gênero.Partindo?se do pressuposto da importância de gênero e gerações como elementos estruturantes das relações sociais e de poder nas diferentes sociedades propõe-se a transverzalização desses enfoques às ações do Projeto. Sob essa perspectiva, todos os membros da família serão igualmente motivados a interagir e atuar como cidadãos e sujeitos do desenvolvimento de seu núcleo familiar, de sua comunidade e de seu território, reconhecendo-se como capazes de agregar e de contribuir socialmente.
O processo de formação consiste na vivência do método de análise e diagnóstico dos sistemas de atividades da agricultura familiar, contemplando ações voltadas para o desenvolvimento de atividades agrícolas e não agrícolas. Busca formar agentes de desenvolvimento em metodologias participativas no meio rural, utilizando técnicas e procedimentos diversos que incluem a elaboração de projetos conceituais, segundo as diretrizes dos próprios capacitandos.
Características do Território Sisal
Segundo o CODES (2007), o Território do Sisal era habitado, em 2000, por 552.713 pessoas, o correspondente a 4,3% da população total do Estado. Compreende 20 municípios. Durante a década de 80, a população cresceu a uma média de 2,65% ao ano; enquanto na década seguinte o crescimento foi de apenas 0,44% ao ano. Tomando-se por base as estimativas do IBGE para 2005, e mantendo-se a atual tendência, no final da década o crescimento médio anual será de apenas 0,007%. No, quadro 2, tem-se o crescimento da população durante o período de 1980 e 2005.
Quadro 2- População Total dos Municípios: 1980, 1991, 2000 e 2005
|
População |
|||
1980 |
1991 |
2000 |
2005² |
|
Araci |
32.225 |
45.341 |
47.584 |
48.989 |
Barrocas |
(¹) |
- |
- |
12.725 |
Biritinga |
10.478 |
14.620 |
14,461 |
14.654 |
Candeal |
10.772 |
10.728 |
10.121 |
9.741 |
Cansanção |
24.421 |
30.903 |
31.947 |
32.601 |
Conceição do Coité |
41.436 |
52.338 |
56.317 |
58.810 |
Ichu |
5.283 |
8.586 |
5.593 |
3.712 |
Itiúba |
30.549 |
34.403 |
35.543 |
36.257 |
Lamarão |
9.350 |
10.275 |
9.523 |
9.137 |
Monte Santo |
42.178 |
51.280 |
54.552 |
56.602 |
Nordestina |
(¹) |
9.315 |
11.800 |
13.357 |
Queimadas |
27.259 |
23.162 |
24.613 |
25.522 |
Quijingue |
19.621 |
23.958 |
26.376 |
27.891 |
Retirolândia |
10.402 |
11.300 |
10.891 |
10.635 |
Santaluz |
23.119 |
30.634 |
30.955 |
31.156 |
São Domingos |
(¹) |
10.681 |
8.526 |
7.430 |
Serrinha |
57.467 |
76.013 |
83.206 |
74.868 |
Teofilândia |
15.095 |
21.570 |
20.432 |
19.719 |
Tucano |
36.493 |
46.618 |
50.948 |
53.661 |
Valente |
21.791 |
17.425 |
19.145 |
19.969 |
TOTAL |
417.939 |
529.150 |
552.713 |
554.711 |
Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Estimativas Populacionais.
(¹) Municípios criados depois de 1980; (²) Estimativas/IBGE.
Quanto à população rural, verifica-se que houve uma queda considerável no período das três últimas décadas, se considerarmos as taxas anuais de crescimento. Mesmo considerando os dados apresentados da população existente, constata-se que em 2.000 a população rural era 1,0% menor do que a verificada em 1980.
Quadro 3 - População Rural dos Municípios, 1980, 1991 e 2000
|
População |
||
1980 |
1991 |
2000 |
|
Araci |
23,312 |
33.757 |
31.395 |
Barrocas |
- |
- |
- |
Biritinga |
9.442 |
12.839 |
12.294 |
Candeal |
8.237 |
8.187 |
6.704 |
Cansanção |
21.108 |
6.926 |
22.726 |
Conceição do Coité |
29.633 |
32.336 |
28.291 |
Ichu |
4.230 |
5.462 |
2.930 |
Itiúba |
25.885 |
27.335 |
26.679 |
Lamarão |
7.981 |
1.221 |
7.595 |
Monte Santo |
38.903 |
46.349 |
47.326 |
Nordestina |
- |
7.945 |
8.925 |
Queimadas |
21.613 |
19.773 |
14.830 |
Quijingue |
18.729 |
20.569 |
21.484 |
Retirolândia |
4,487 |
6.418 |
5.417 |
Santaluz |
21.532 |
17.930 |
12.989 |
São Domingos |
- |
7.239 |
4.815 |
Serrinha |
32.016 |
38.159 |
37.263 |
Teofilândia |
13.716 |
17.971 |
14.574 |
Tucano |
29.810 |
36.487 |
32.351 |
Valente |
16.824 |
10.987 |
9.634 |
TOTAIS |
351.990 |
365.423 |
348.222 |
Fonte: Censos Demográficos, IBGE, 1980, 1990 e 2000.
[1] É bem verdade que novas versões do PRONAF ampliaram crescentemente o seu público incorporando uma gama muito mais ampla de agricultores familiares (assim como de categorias socialmente equivalentes como extrativistas, quilombolas e indígenas), ao mesmo tempo em que foram criados instrumentos de apoio e valorizados outros aspectos em face da sua inviabilidade econômica imediata e do limitado significado mercantil da sua produção. Entre outros, cite-se a valorização dos vários papéis desempenhados por esses agricultores nos programas de segurança alimentar, como produtores de alimentos diversificados e de qualidade, como preservadores de conhecimentos e práticas tradicionais (CARNEIRO & MALUF, 2006).
[2]O serviço de ATER na Bahia, por exemplo, é sabidamente deficitário, encontrando-se hoje totalmente desaparelhado para o atendimento aos agricultores familiares do Estado. Tal situação é resultado do contínuo sucateamento da instituição responsável por esse serviço.
Introdução
A Região Nordeste da Bahia encontra-se sujeita a fortes déficits hídricos, inserindo-se no denominado polígono das secas ou no semi-árido, área classificada como aquela que apresenta alto risco de seca metereológica[1]. Nesta região ocorrem os menores índices pluviométricos do estado, fato que se agrava pela irregularidade temporal que afeta e desorganiza a economia regional. Tal limitação, embora identificada há muito tempo e, não obstante se conte hoje com um grande acervo tecnológico, ainda não foi resolvida.
O Nordeste insere-se no domínio das caatingas, que compreende cerca de 70% de sua área total. Esse bioma é considerado vulnerável, do ponto de vista de sua capacidade de regeneração, quando submetido a déficit hídrico acentuado, associado aos solos rasos e pedregosos e a pressão antrópica. As bacias hidrográficas que cortam essa região são: São Francisco, Itapicuru, Vaza Barris Jacuípe e Inhambupe, conformando um considerável potencial de águas superficiais. Do ponto de vista geoambiental, o clima se constitui no maior problema, repercutindo negativamente em todos os ramos de atividade desenvolvidos na região, fato que, em grande medida, influenciou o processo de ocupação regional.
O processo de ocupação do Nordeste baiano, a exemplo de todo o Nordeste brasileiro, teve como principal fator de expansão, a pecuária. Nessas regiões, as atividades não diretamente envolvidas com a produção canavieira foram empurradas para o interior do estado, formando-se ?os currais? ou fazendas, domínios dos chefes políticos ou ?coronéis?. Com uma estrutura fundiária extremamente concentrada, o Nordeste baiano teve dificuldades de integrar-se ao estado e ao País, uma vez que a expansão capitalista não só definiu outras prioridades para os investimentos de capital (externo), como resultou retraindo-se, dada as limitações climáticas e ao próprio perfil da estrutura econômica e social da região. O processo de integração regional se fez através da navegação do são Francisco e da estrada de ferro, vias de escoamento da produção de outras regiões e de outros estados e não como decorrência da demanda interna da produção regional.
No século XX essa região foi palco da maior e mais longa luta social do Brasil, demandando a maior mobilização de tropas federais em conflitos internos no País. No território que nesse período correspondia a Monte Santo (posteriormente desmembrado como Euclides da Cunha) fixaram-se Antônio Conselheiro e seus seguidores, camponeses que viviam em precárias condições de vida e relativamente isolados de outras regiões.
Na região Nordeste observa-se a presença de remanescentes de populações indígenas que representam 0,5% do total da população regional. Esses grupos vivem em condições de extrema pobreza e ainda hoje enfrentam dificuldades específicas a sua condição indígena, como sejam, a demarcação de suas terras e os preconceitos. Uma das conseqüências da falta de apoio governamental na resolução dessas questões é a presença de eventuais conflitos entre os próprios índios, entre estes e as empresas públicas e, principalmente entre estes e os posseiros.
Mantendo-se com uma base demográfica predominantemente rural, o Nordeste baiano só começa a apresentar um crescimento populacional urbano significativo, a partir da década de 1960. Em 2000 essa região abrigava uma população de 1.180.063 hab (IBGE, 2000) da qual cerca de 40% era urbana. Sua população rural sobrevive predominantemente da policultura nas pequena propriedades, podendo-se observar em algumas regiões a exploração extensiva e coletiva da caprinocultura, desenvolvidas nas áreas conhecidas como ?fundo de pasto? . Já a bovinocultura, atividade igualmente explorada em sistemas extensivos, é desenvolvida nas grandes propriedades.
Diante da identificação de uma malha hídrica rarefeita no nordeste baiano, em confronto com outras regiões do semi-árido brasileiro, o governo do Estado tem-se mobilizado para cobrar essa dívida histórica do poder público para com o Nordeste baiano.
Considera-se que, sendo essa uma região onde predomina a agricultura familiar, além dos investimentos no setor hídrico, outras ações, não menos importantes, se fazem necessárias para a consecução do desenvolvimento sustentável dessa região, requerendo investimentos no campo da formação do capital social e do capital humano regional para que se produzam localmente e territorialmente conhecimentos e capacidades, visando lograr este fim.
A história dos programas e projetos de desenvolvimento agrícola mostra que não há intervenções eficazes sobre as transformações da agricultura sem um prévio conhecimento cientifico das realidades agrárias sobre as quais se propõe intervir. Muitos são os projetos que fracassam, por exemplo, baseados na vulgarização de um número limitado de normas técnicas sem considerar a diversidade de condições agroecológicas e socioeonômicas, onde atuam os agricultores. A uniformidade das proposições formuladas aos produtores revela-se inadequada às múltiplas situações a que são confrontadas as explorações. Além disso, a grande maioria dos projetos tende a impor um tratamento homogêneo aos diferentes grupos sociais, desconhecendo ou ignorando as especificidades dos sujeitos a quem se dirigem as ações, como é o caso da participação feminina na agricultura familiar.
O Projeto Multifuncionalidade da agricultura familiar e inovações tecnológicas no Território Sisal, semi-árido da Bahia se propõe a recobrir tais dimensões, desenvolvendo ferramentas de análise e apreensão da diversidade da agricultura familiar. Para isso, lança mão de instrumentos já validados cientificamente, qual seja, a metodologia Análise-diagnóstico de Sistemas de Atividades sob o Enfoque de Gênero e Gerações e de novos instrumentos de intervenção. A inovação, aqui, consiste na formação de capital humano no meio rural. O investimento, no caso dessa proposta, centra-se na instituição e formação de agentes de desenvolvimento rural, na perspectiva da multifuncionalidade da agricultura familiar.
O processo de formação dos agentes constitui-se em momentos de apreensão de conceitos, técnicas e passos para o desenvolvimento de pesquisa e planejamento das comunidades rurais. Esses agentes formam-se em conjunto com a comunidade, descobrindo, discutindo e refletindo os elementos do contexto do qual são partes. A proposta de formação, portanto, lhes garantirá os conteúdos teórico-metodológicos, bem como procedimentos para análise e diagnóstico dos sistemas de atividades, além dos instrumentos para a elaboração de projetos, concebidos a partir da realidade e da perspectiva dos próprios agricultores (as) familiares ? sujeitos do processo de intervenção.
[1] Considerado como aquela região cujo índice pluviométrico é menor que 800 mm anual. Ver CENTRO DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES- CEI (BA). Riscos de seca na Bahia, Séries especiais.CEI,2), 1991. p. 11
Formar agentes rurais de desenvolvimento (para-extensionistas) locais, capacitando-os em metodologias participativas de planejamento, acompanhamento e monitoramento de projetos de desenvolvimento rural sustentável para atuar em assentamentos e comunidades rurais, e implementar ações de difusão e transferência de tecnologias, conforme as diretrizes do Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território Sisal, reconhecendo o fenômeno da pluriatividade das ocupações, a multifuncionalidade do espaço rural, bem como as dimensões de gênero e gerações.
Específicos
- Validar uma metodologia de pesquisa e formação de agentes para-extensionista - oriundos das próprias comunidades rurais ? para implementar intervenções inovadoras incorporando as dimensões técnico-ambiental, socioeconômica e político-cultural;
- Oferecer um instrumental metodológico e de apoio à assistência técnica e extensão rural contribuindo com indicações para formulação de estratégias e políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável de comunidades e assentamentos rurais;
- Desenvolver oficinas e atividades de extensão junto a comunidades de agricultores-pescadores artesanais para a produção de peixes em gaiola e estudos sobre crustáceos ou camarões de água doce, em sistema de condomínio, aproveitando os potenciais dos açudes municipais, em parceria com os empreendimentos solidários do Território Sisal;
- Realizar oficinas e atuar na elaboração de uma proposta de consolidação das rádios comunitárias, articulando-as com as políticas publicas, inclusive de educação, saude, meio ambiente e de assistência técnica e extensão rural;
- Desenvolver pesquisas e difusão de tecnologias, junto aos empreendimentos solidários, sobre o controle ou combate à podridão vermelha no tronco do sisal, em parceria com o Projeto Agrofuturo, a partir do núcleo de pesquisas e extensão tecnológica da EMBRAPA na cidade de Valente;
- Elaborar estudos específicos, oficinas de extensão (pesquisa-ação) utilizando inclusive o Método Analise-diagnostico de Sistemas Agrários/Atividades, sobre fundos de pasto e possível reconhecimento de comunidades quilombolas no Território Sisal.
- Realizar oficinas de difusão do artesanato local (sisal, caroá, papel, couro), aperfeiçoando as técnicas existentes com a participação de instrutores locais.
Os conteúdos abordados são orientados para a promoção da autonomia econômica, social e política das comunidades rurais. Considerando os objetivos acima explicitados, o projeto está voltado para a formação de para-extensionistas que atuem na perspectiva multifuncional do desenvolvimento rural, centrando-se prioritariamente, nas seguintes linhas de ação:
1) Preparação teórico-conceitual nos conteúdos de desenvolvimento, planejamento, agroecologias, análise-diagnóstico de sistema de atividades, manejo ambiental, gênero e gerações;
2) Preparação técnica para elaboração e implementação de projetos conceituais locais e territoriais de desenvolvimento sustentável;
Do ponto de vista metodológico, esse projeto se desenvolve segundo seus objetivos específicos, conforme duas diretrizes fundamentais: a) a experimentação de uma metodologia de formação do para-extensionista (agente rural de desenvolvimento) e b) procedimentos de pesquisa-ação com transferência de tecnologias voltadas para os processos produtivos dos agricultores familiares.
A proposta de pesquisa e de formação funda-se no pressuposto da dimensão multifuncional da agricultura familiar, reconhecendo nela a existência de funções públicas, que se sobrepõem à dimensão mercantil. Essas funções, consideradas públicas, abrigam um sentido de finalidade social, que consiste na preservação do meio ambiente em determinadas áreas, na valorização e reprodução do patrimônio cultural regional, no modo de vida e de produzir, na garantia da segurança alimentar, inclusive através dos quintais e do auto-consumo, e na geração de oportunidades de ocupação e renda para homens e mulheres, jovens e idosos.
Parte-se também do princípio de que gênero e as idades-gerações são dimensões fundamentais da vida social, na medida em que elas organizam e estruturam as relações socais e de poder. A proposta apóia-se na metodologia Análise-diagnóstico de Sistemas de Atividades sob o Enfoque de Gênero e Gerações. Essa metodologia baseia-se em passos progressivos, partindo do geral para o particular, ou seja, de um escala macro (internacional, nacional e regional) para a menor dimensão de produção e reprodução das famílias rurais (a unidade familiar). Considera os subsistemas de atividades agrícolas e não-agrícola ? diante da importância crescente do fenômeno da pluriatividade na ocupação e renda das famílias rurais ? e valoriza os subsistemas extrativismo, quintal e o trabalho doméstico ? como atividades essenciais na reprodução da unidade familiar.
Essa estratificação pode ser realizada através de zoneamento agroecológico, da tipologia de famílias e da tipologia de sistemas de atividades. Além disso, a capacitação para implementação da metodologia envolve outras diferentes práticas e processos participativos de ensino-aprendizagem. Trabalha-se com amostragens dirigidas, analisando-se a diversidade dos fenômenos mais importantes. O tamanho da amostra é determinado, sobretudo, pela complexidade e diversidade da realidade estudada. Antes, porém, define-se a escala de abordagem: território, município ou comunidade rural (agricultores familiares, indígenas ou quilombolas), um assentamento de reforma agrária ou mesmo uma comunidade urbana ou peri-urbana, onde se pratique agricultura e outras atividades. O processo de formação dos agentes multifuncionais compreende os seguintes passos metodológicos:
§ Apresentação e discussão dos conceitos : ecossistema, sistema agrário, pluriatividade, sistema de atividades, multifuncionalidade da agricultura familiar, gênero e gerações;
§ Leitura de paisagem;
§ Entrevistas históricas: levantamento dos fatos ecológicos, técnicos e socioeconômicos. Definição do sistema de atividades, identificando aspectos de gênero e idades/gerações;
§ Elaboração da pré-tipologia dos sistemas de atividades e categorias de famílias produtoras (primeiras hipóteses). Apresentação do conceito de Unidade de Trabalho Familiar ? UTF e suas características: masculina, feminina, infantil, adulta, idosa; e calendário de trabalho;
§ Definição da tipologia de sistemas de atividades e categorias de famílias;
§ Apresentação do conceito de subsistema de atividades: subsistema de cultivo, criação e beneficiamento, extrativismo, quintal, atividades não-agrícolas, trabalho doméstico;
§ Análise microeconômica dos sistemas de atividades: o enfoque econômico e o enfoque agronômico. Apresentação de conceitos: auto-consumo, renda oculta, renda monetária, levantamento patrimonial, depreciação e custo de oportunidade;
ü O calendário de trabalho: o itinerário técnico;
ü A integração dos subsistemas de atividades;
ü Cálculo do rendimento dos sistemas de atividades e da renda das famílias agricultoras, enfatizando a participação de homens e mulheres de diferentes grupos de idade e a chefia familiar masculina e feminina;
ü Cálculo do rendimento dos subsistemas de cultivo, criação e beneficiamento, quintal, atividades não-agrícolas, trabalho doméstico (a renda oculta);
ü Comparação algébrica e gráfica dos sistemas de atividades;
ü Análise de eficiência dos sistemas de atividades;
ü Modelagem alternativas dos sistemas de atividades;
§ Elaboração de diretrizes de desenvolvimento para a comunidade e planejamento dos sistemas de atividades na perspectiva agroecológica, de gênero e gerações com elaboração de projetos conceituais para o território ou comunidade;
§ Devolução dos resultados às famílias ? avaliação crítica e legitimação das propostas dos assentados(as);
§ Elaboração do plano de acompanhamento e monitoramento das comunidades com base nas proposições de desenvolvimento das comunidades;
No caso da piscicultura, o uso de sistema de tanques-rede vem crescendo de forma descontrolada no nordeste brasileiro, trazendo sucessos e fracassos, estes últimos, na maioria das vezes, devido à falta de capacitação e de assistência técnica adequada.
Embora de tecnologia relativamente simples e de baixo custo de implantação, o sistema de cultivo de peixes em tanques-rede exige uma série de cuidados, como monitoramento da qualidade da água, do consumo de ração, de doenças e mortalidade etc., que, se não observados, podem trazer prejuízos ao aqüicultor.
Consolidação de instrumentais metodológicos e de apoio à assistência técnica e extensão rural; Formados 6 para-extensionistas no processo de validação da metodologia; Realização de 2 oficinas e atividades formação para extensão junto a comunidades de agricultores-pescadores artesanais para a produção de peixes em gaiola, ou extração de pitu, ou criação de camarões de água doce; Proposta de consolidação das rádios comunitárias e articulação da programação com as políticas publicas; Desenvolvimento de estudos e difusão de técnicas junto aos empreendimentos solidários, sobre o controle ou combate à podridão vermelha no tronco do sisal; Elaboração de estudos específicos, em 1 oficina, utilizando inclusive o Método Analise-diagnostico de Sistemas Agrários/Atividades, sobre fundos de pasto e possível reconhecimento de comunidades quilombolas no Território Sisal; Realizar de 6 oficinas de difusão do artesanato local (sisal, caroá, papel, couro ou plástico), aperfeiçoando as técnicas existentes com a participação de instrutores locais.